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Melancia
Março 23, 2016
Como o La Niña poderá impactar a produção de HF em 2016?
Fenômeno pode trazer chuva ao Nordeste e seca no Sul e Sudeste

Por Ana Clara Souza e Renata Pozelli Sabio
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Como o La Niña poderá impactar a produção de HF em 2016? Ver fotos

As agências meteorológicas dão quase como certa a ocorrência do La Niña neste ano. Diante disso, a equipe Hortifruti/Cepea buscou informações que podem auxiliar o produtor a se preparar para as consequências do fenômeno na produção de frutas e hortaliças para este ano. Quando esse fenômeno ocorre, espera-se chuvas mais acentuadas no Norte e Nordeste e períodos frios e secos no Sul e Sudeste. 

Veja abaixo os impactos que o La Niña pode causar nas 13 frutas e hortaliças acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Caso queira ver o estudo completo que a equipe preparou sobre a crise hídrica, acesse já a edição de março: https://www.hfbrasil.org.br/revista.aspx.

BANANA - No Nordeste, em decorrência da seca na última safra, a qualidade da produção e a rentabilidade dos
produtores foram prejudicadas. Agora, a previsão de chuva por conta do La Niña pode trazer alívio às lavouras,
com a fruta devendo se desenvolver mais. Por outro lado, descapitalizados, produtores podem não
conseguir investir adequadamente em tratos culturais que façam frente a um possível aumento de doenças
fúngicas. No Sul e Sudeste, caso as chuvas sejam suficientes para que os frutos cresçam e não apareçam
sintomas de chilling (recorrente em invernos secos), não haverá prejuízos para os bananicultores.

CITROS - No Sudeste, a floração costuma acontecer a partir de agosto, estimulada por um período de estresse hídrico
seguido por chuvas. Caso o segundo semestre seja seco, pode haver perdas significativas na safra corrente
e também na produção a ser colhida no próximo ano, já que serão afetados a floração e o pegamento
dos chumbinhos. Para os frutos em formação, o impacto tende a ser sobre o calibre. Laranjas menores, no
entanto, elevam a concentração de sólidos solúveis, o que é favorável para a indústria. Para os limões, o segundo
semestre é um período de baixa oferta, e uma possível seca pode limitar ainda mais a disponibilidade
e acarretar frutos de baixo calibre. Assim como para as laranjas, a seca pode ser prejudicial às floradas.

MAÇÃ - A florada e a polinização da maçã, produzida no Sul do País, acontecem, respectivamente, em setembro
e outubro e são beneficiadas pelo clima seco. Assim, a estiagem prevista para o segundo semestre
seria positiva para a cultura. Já em novembro, quando começa o desenvolvimento dos frutos, aumenta a
necessidade de água. Como a maior parte dos produtores sulistas não conta com sistema de irrigação, o
episódio de secas pode ter impactos principalmente na fase de enchimento de frutos.

MAMÃO - De modo geral, excesso de chuvas é prejudicial para a qualidade dos frutos principalmente porque estimula
o aparecimento de doenças fúngicas. Por outro lado, boas chuvas ajudam na fixação de flores e diminuem o
abortamento de frutos. Lavouras do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, que já tiveram diminuição de
produtividade em 2015, podem enfrentar novamente problemas devido à falta de água.

MANGA - Caso as chuvas sejam excessivas no Nordeste e norte de Minas Gerais, pode haver aumento na incidência
de doenças, o que dificultaria as exportações da fruta para os Estados Unidos e Europa. Já a produção
paulista, que foi bastante prejudicada pelo excesso de chuvas na safra 2015/16, tem potencial para
obter melhores resultados caso se confirme o clima mais seco.

MELANCIA - No Nordeste, caso ocorram chuvas excessivas entre agosto e setembro poderá ser prejudicial, pois é o
período em que a colheita se inicia. No Sul e Sudeste, a possibilidade de seca para o segundo semestre
de 2016 é favorável, pois deve beneficiar produtividade nessas regiões.

MELÃO - Como a cultura é favorecida por clima quente e seco, as chuvas previstas para o Nordeste podem limitar o
pleno desenvolvimento da fruta. Além de impedir plantio e manejo adequados, o alto volume de chuvas torna
o fruto menos doce e desfavorece a qualidade fitossanitária dos melões.

UVA - É no segundo semestre que as lavouras do Vale do São Francisco são colhidas para exportação. Chuvas
nesta época tendem a prejudicar a qualidade dos frutos e as exportações podem ser reduzidas. Já no
Rio Grande do Sul, a uva destinada à indústria pode estar sujeita à estiagem e apresentar menor produtividade.
No entanto, para o restante do Sul e Sudeste, a expectativa de pouca chuva é favorável e deve
assegurar boa qualidade das bagas.

BATATA - No Nordeste, chuvas excessivas podem prejudicar a colheita e a qualidade fitossanitária das batatas.
No Sul e Sudeste, a seca favorece o controle de doenças, mas pode prejudicar o desenvolvimento das
batatas. Para bataticultores que produzem em sequeiro, a redução no volume de chuvas pode implicar
em redução na produtividade.

CEBOLA - Para que os reservatórios estejam abastecidos para o plantio da próxima safra, entre dezembro/16 e
janeiro/17, as chuvas são bem-vindas no Nordeste. No entanto, as colheitas em Irecê e no Vale do São
Francisco podem ser prejudicadas, uma vez que a cebola é suscetível a doenças causadas por alta umidade.
A previsão de clima seco em Monte Alto e em São José do Rio Pardo, em São Paulo, é favorável
para a cultura, uma vez que estará em período de colheita. Já no Sul, o período seco irá coincidir com a
época de plantio, sendo um potencial problema para cebolicultores.

TOMATE - Produtores que cultivam nas regiões Sul e Sudeste podem enfrentar elevada incidência de viroses, que
são mais comuns em períodos de seca prolongada. As chuvas deste início de ano, no entanto, elevaram
os níveis de rios e reservatórios, tornando a situação relativamente tranquila para o restante no ano. Na
região Nordeste, chuvas excessivas podem acarretar em problemas, dado que a produção é suscetível
a doenças decorrentes de clima úmido e produtores locais não estão habituados à produção sob chuva.

CENOURA - Boas chuvas seriam positivas para produtores do Nordeste, dado que a seca vinha se tornando crítica e
poderia impactar no plantio deste ano, não fossem as chuvas de janeiro. Já no Paraná e no Rio Grande
do Sul, a produção de verão 2015/16, principalmente a paranaense, foi prejudicada pelas chuvas
excessivas. Assim, menor volume hídrico poderia elevar a produtividade da safra 2016/17. Como os reservatórios
estão em níveis satisfatórios, somente uma seca muito severa e prolongada poderia atrapalhar
o desenvolvimento das raízes.

FOLHOSAS - A falta de água é prejudicial à cultura. Porém, desde o ano passado, boa parte dos produtores do Sudeste,
sobretudo os paulistas, tem investido em sistemas de irrigação por gotejamento, o que diminui a necessidade
de água. Além disso, os reservatórios nessas regiões foram bem abastecidos neste início de ano.

 

 

 

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