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Piracicaba, 31 – O trabalho da Paripassu, empresa responsável pelo sistema de rastreabilidade no qual o Rama se apoia para realizar a rastreabilidade e o monitoramento dos alimentos, é muito relevante para que o setor de frutas e hortaliças seja mais organizado. Porém, ainda falta fiscalização.
Assim como em todos os aspectos da sociedade (como o uso de cinto de segurança), quando começa a ter algum nível de fiscalização, ocorre uma reação e mudança de comportamento, e isso passa a entrar na rotina, faz parte do ser humano. A pandemia atrapalhou a fiscalização e, junto a isso, a guerra entre Rússia e Ucrânia impactou nos custos de produção, na economia e na menor capacidade financeira de compra da população. Assim, pesou mais a sobrevivência do que a exigência. Ficamos dois anos sem fiscalização do monitoramento do programa Para, de resíduos agrícolas, mas essas frentes devem voltar com mais força.
Em cadeias mais longas (com maior grau de intermediação) e com comprador/varejo de pequeno e médio portes, algumas práticas são importantes para a maior adoção da rastreabilidade. A questão do relacionamento pode ser uma oportunidade, pois quanto menor o supermercado, mais fácil criar uma relação com o fornecedor e um desenvolvimento com ele. Assim, é importante avançar para um desenvolvimento técnico (produtor - comprador) que defina os padrões de compra daquele produto, para que seja possível definir os preços de acordo com o padrão – e é aí que entra a eficiência. A cadeia é diversa e, por isso, é preciso separar esses diferentes sistemas e dar suas tratativas específicas. O pequeno pode fazer no caderno, a lei não exige sistema, e sim identificação. A questão não é software, e sim vontade de querer fazer.
Ainda que haja necessidade de ampliar o registro de defensivos agrícolas para as minor crops (hortifrutícolas produzidos em menor escala de produção), o setor ainda registra níveis de inconformidade devido ao grau de LMR (limite máximo de resíduos) superior ao permitido para culturas, como o tomate, que possui produtos registrados. Ainda temos um caminho pela frente e temos que continuar trabalhando nos produtos que não são minor crops. A falta de fiscalização não pode justificar o mal comportamento: tem que fazer a lição de casa, não desviar a atenção.
Giampaolo Buso é diretor-executivo da Paripassu, empresa responsável pelo sistema de rastreabilidade no qual o Rama se apoia para realizar a rastreabilidade e o monitoramento dos alimentos.
