Piracicaba, 04 - As expectativas de uma excelente temporada para a cebola no quesito produção tem se confirmado no Sul. Basicamente o cenário atual, tanto em relação à produção quanto aos preços estão inversos ao período passado. A safra 23/24 do Sul foi marcada por uma intensa quebra produtiva em decorrência das volumosas chuvas durante o plantio e desenvolvimento dos bulbos em 2023 por conta de efeitos do El Niño. O Sul, que normalmente é responsável por abastecer o mercado no início do ano, deixou uma lacuna de oferta, e no ano passado foi necessário importar cebolas de outros países (sobretudo da Argentina) a fim de cobrir a demanda nacional. Por este motivo, os preços em praticamente toda a temporada – sobretudo no primeiro trimestre de 2024 – foram bastante elevados, ultrapassando os R$ 100/sc de 20 kg em diversos momentos.
Agora, o cenário é outro, e os preços encontram-se em patamares que mal ultrapassam os R$ 25/sc de 20 kg. A ocorrência de La Niña - que normalmente resulta em um menor volume de chuvas no Sul - no segundo semestre de 2024 incentivou os produtores a incrementarem as suas áreas (principalmente no PR e SC), na expectativa justamente de o clima favorecer as produções e rentabilizá-los. No quesito de boas produções, o clima realmente ajudou e as produtividades têm sido crescentes. Por outro lado, este fator unido aos incrementos de área tem resultado em uma produção volumosa no Sul e, consequentemente, em queda dos preços. As cotações encontram-se em níveis bastante reduzidos, que em muitos momentos mal cobrem o custo para se produzir, desanimando bastante os cebolicultores.
Janeiro se encerrou com a vermelha crioula fechando à média de R$ 1,08/kg pago ao produtor em Ituporanga (SC), sendo 58% inferior ao preço pago em jan/24. Por outro lado, as produtividades são de até 55% superiores no mesmo comparativo.
Neste período da temporada do Sul, é comum que ao menos metade da safra já tenha sido comercializada, o que neste começo de 2025 ano ainda não ocorreu. Por este motivo, os produtores tanto catarinenses quanto paranaenses têm armazenado uma boa parte de sua produção. Vale a ressalva de que, caso os estoques continuem altos no início do segundo trimestre do ano, o calendário de comercialização deve entrar em conflito direto com o de outras regiões que devem tanto intensificar quanto iniciar suas colheitas da temporada 2025, como o Nordeste, Cerrado e São Paulo.
Fonte: Hfbrasil.org.br