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Citros
Junho 1, 2016
Passada a crise da citricultura, quem fica no setor?
HF Brasil avalia perfil de produtores que saíram do setor e os resilientes

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No intuito de avaliar como os produtores de laranja gerenciaram o seu negócio durante o período de crise da citricultura e suas perspectivas quanto aos investimentos no setor com a elevação dos preços, a Hortifruti Brasil entrevistou 44 produtores de citros das mais diversas escalas de produção. Nesta amostra, estão incluídos também oito pessoas que deixaram a citricultura. 

Os entrevistados foram classificados em dois grupos: os que saíram da atividade e os que se mantiveram na cultura, neste último caso, os chamados citricultores “resilientes”. O termo encaixa nesse grupo porque muito mais que resistência a suportar as crises, os “resilientes” são pessoas que aprendem com as dificuldades e têm condições de se adaptarem a novos desafios, encontrando soluções alternativas.

PRODUTORES QUE SAÍRAM DA CITRICULTURA

Para aqueles que saíram da citricultura durante a crise (principalmente em 2012 e 2013), os preços desfavoráveis (em especial aos produtores independentes) aliados à dificuldade de escoamento da fruta para a indústria foram determinantes para a decisão. Contudo, a baixa produtividade obtida nos pomares, por conta de fatores como doenças (principalmente o HLB [greening] e cancro), e a idade do pomar (que necessitavam de renovação) também influenciaram. 

Assim como demonstrado com os dados da CDA, a maior parte destes produtores entrevistados era de pequeno ou médio porte e a principal fonte de receita era proveniente da cultura da laranja. Destes produtores, a maioria optou por direcionar pelo menos parte de sua área para produção de cana-de-açúcar. 

A justificativa é que esta é uma atividade que requer menor investimento (principalmente no caso de arrendamento), o que a tornou atrativa para citricultores que, na maioria dos casos, estava endividada. Além disso, a cana é uma cultura típica das regiões citrícolas de São Paulo. Apesar de os preços ao produtor/fornecedor de cana-de-açúcar ainda não serem considerados atrativos o suficiente (cenário que, segundo entrevistados, pode melhorar neste ano, devido aos maiores preços do açúcar e do etanol), a maior transparência no cálculo dos valores deste setor e o menor grau de risco frente a outras atividades foram considerados decisivos. Demais culturas citadas como substitutas da laranja foram milho, gado e hortifrutis em geral. Alguns decidiram, também, por sair da atividade agrícola e outros diminuíram a atuação na agropecuária – vendendo fazendas para quitar as dívidas da citricultura.

CITRICULTORES “RESILIENTES”

Dentre os produtores que permanecem na atividade, a análise dos resultados foi realizada de acordo com o tamanho da propriedade citrícola na safra 2015/16. Foram considerados citricultores de pequeno porte aqueles com até 50 hectares com a cultura; os de médio porte, entre 51 hectares e 499 hectares; e os de grande porte, acima de 500 hectares. Vale observar que foram considerados também de “pequenos” e “médios” aqueles produtores de citros que têm grandes áreas, mas de outras culturas. Independente da escala, a produtividade foi um ponto destacado como primordial pelos entrevistados para se garantir a boa rentabilidade com a cultura. Mesmo em anos de bons preços, se o rendimento dos pomares não for satisfatório, os ganhos podem ser fortemente impactados.

Produtores entrevistados consideram ideal atingir produtividade média de 1.000 caixas por hectare e preço médio pago pela indústria de US$ 4,50 a US$ 5,00/cx. Estes citricultores ressaltam que esse patamar de preço é importante para se garantir o manejo adequado na cultura, sem reduzir a adubação – item que, por sua vez, influencia significativamente na produtividade. Além disso, esse valor possibilitaria a realização de outros tratos culturais constantes e também a renovações dos pomares.

Outro ponto importante é a gestão do fluxo de caixa realizada por produtores durante a crise. Os que tinham recursos de outras culturas e/ou atividades conseguiram manter seus investimentos, sem recorrer a financiamentos bancários. Já os que não tinham alternativas e se viram obrigados a realizar financiamentos acabaram diminuindo muito a capacidade de futuros investimentos, já que qualquer sobra no caixa é direcionada à quitação das dívidas com os bancos.

Esse conteúdo faz parte do Especial Citros, edição de maio de 2016 da revista Hortifruti Brasil. Para ler a matéria completa, acesse: https://www.hfbrasil.org.br/br/revista.aspx.

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